Apresentação

Faz tempo em que a base para se estabelecer relações comerciais reduzia-se à troca de mercadorias essenciais: um peixe por um punhado de sal. Hoje, a experiência comercial ampara-se em trocas muito mais complexas, com papéis e procedimentos rigorosamente definidos. Enquanto o mercado evolui, algumas empresas insistem em permanecerem na época do escambo. Estabelecer troca de informação e conhecimento entre consumidores e o mercado é a finalidade desse blog. A Comunicação e a Palavra - munidas da força e alcance da Internet - como elemento de transformação e positivação das práticas comerciais.


quarta-feira, 30 de abril de 2008

Made in Japan - Consumido no Brasil


No ano em que a imigração japonesa no Brasil completou o seu centenário, a cultura nipônica está mais em alta do que nunca. Retrocendendo, pelo menos uns 25 anos, lembro, quando criança, assistia filmes de luta marcial na TV, daqueles de qualidade bastante contestável. Achava o máximo! Entre sonoros golpes, gritos estridentes e ao passo de movimentos inimagináveis, um nômade e solitário samurai vencia um exercito inteiro de homens raivosos que pareciam surgir do além. Ainda naquele tempo, curtia assistir os episódios de Speed Racer – um desenho animado carregado de personalidade, estética peculiar e traços culturais do Japão.

Assim como essas manifestações, outras tantas brotavam especialmente da programação televisiva. Não obstante, o Japão destacava-se também pela capacidade criativa voltada para o desenvolvimento tecnológico. A cultura do Walkman definiu uma nova forma de consumir música, enquanto que a presença dos vídeo-games nos lares introduzia novos padrões de interatividade. Diante desse contexto, discretamente, a cultura japonesa se erguia, esquivando-se da sombra onde pairavam as identidades diluídas dos países que ficavam à margem da influência norte-americana. Hoje, não é só de sushi, sashimi e temaki que os japoneses exercem sua influência.

Foi com a disposição do Japão pós-guerra que os aspectos culturais desse país retomaram o vigor necessário para se projetarem na cultura global. Sofreram influência direta da Europa e da América do Norte, resultando no mix cultural contemporâneo que hoje traduz. Assim nasceu a cultura pop japonesa, expressa através dos mangás, dos animes, da música, das artes, da moda, da culinária. A grande aceitação da comida japonesa, por exemplo, faz parecer que não existe mais distinção desta com a típica comida brasileira. Admito o exagero desta colocação, mas a julgar pelo apreço do paladar do brasileiro pelas iguarias desta culinária, em franca ascensão aqui nos trópicos, diria pelo menos que abraçamos carinhosa e fervorosamente tais costumes.

É, somos consumidores do “produto japonês”, e, citando Godzilla, apenas como um dos exemplos, devemos concordar que consumimos também o sub-produto. Mas não estamos tratando aqui das “sobras” - daquilo que não presta, não cabe ou não serve ao nosso padrão de consumo. Mesmo porque, existe um alto grau de subjetividade em tal julgamento. O que é pop? O que é erudito? O que é clássico? O que é lixo? A interface de costumes típicos de países distintos invariavelmente irá gerar distorções ou inadequações. Mas existirá sempre um caminho para intercambiar o melhor entre duas culturas. E ainda existe muita coisa para se reinventar entre o Brasil e o Japão.


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