Lembro de um quadro antigo no Programa do Jô no qual as pessoas subiam num caixote de madeira em forma de palanque improvisado para fazer críticas dirigidas às empresas e às pessoas de forma deliberada. Ali, exposta sob o ponto de vista do humor – marca registrada do apresentador, se revelava sem rodeios a natureza humana; essencialmente comunicativa e aglutinadora.
Naquela época, ainda não havia o precedente das redes sociais online como instrumentos e forma de comunicação, expressão e protesto. Hoje, as pessoas fizeram delas, o novo palanque para canalizar os seus anseios e insatisfações, criando um novo patamar na relação entre empresas e o consumidor, pessoas públicas e a sociedade. A Internet munida das novas tecnologias sociais se tornou um universo desconhecido e por vezes inóspito à primeira vista para as empresas entrantes.
É verdade. As pessoas estão fazendo uso dessas ferramentas e mandando ver nas críticas. E como expressão legítima do comportamento humano, as Redes Sociais também abrigam queixas infundadas, desrespeito, incongruência e irresponsabilidade. Criar canais nessas redes e expor a empresa não seria um ato de suicídio compulsório? Então, como administrar a reputação de uma empresa nesse ambiente altamente fragmentado no qual não se tem efetivamente o controle da situação?
Primeiramente é necessário entender a gestão online de uma marca não como uma atividade pontual, mas sim como processo resultante do esforço planejado de ações e propósitos, integrados de forma permanente e continuada aos objetivos do negócio. A metáfora da microfonia traduz bem o que pode acontecer quando informações, verdadeiras e falsas, competem entre si resultando em ruído. Nesses casos, certamente uma empresa poderia ser percebida de forma distorcida por aqueles que buscam informação online.
A maioria dos casos tem mostrado que a melhor alternativa é buscar posicionamento ou esclarecimento junto ao público. O fato de se abster, normalmente, é sempre muito mal interpretado pelos interlocutores online. Dito tudo isso, reforço ainda: se optar por ingressar nas redes sociais, repense e prossiga somente quando tiver convicção plena da sua decisão. Adiante, pondere sobre outros aspectos:
1- Uma vez presente, não considere a possibilidade de sair, pelo menos a médio prazo;
2- Planeje a sua empreitada de forma criteriosa – alinhe a sua estratégia em redes sociais aos objetivos do seu negócio;
3- Contrate profissionais capacitados ou os serviços de uma empresa terceirizada para fazer a gestão das redes sociais da sua empresa;
4- Crie condições favoráveis para estabelecer canais fidedignos capazes de fomentar e cimentar as bases para a construção de relacionamentos consistentes com os seus públicos;
5- Monitore sempre, escute com atenção, informe, promova e se relacione de forma permanente e continuada;
6- Elabore uma espécie de código de conduta para estabelecer limites e responsabilidades para os participantes das suas redes;
7- Procure engajar funcionários ou elementos-chave do staff no processo e fazê-los compreender também limites e responsabilidades no trato de informações sobre a empresa;
7- Procure engajar funcionários ou elementos-chave do staff no processo e fazê-los compreender também limites e responsabilidades no trato de informações sobre a empresa;
8- Não faça das redes sociais um mundo paralelo e desconexo da realidade da sua empresa. O que você prega deverá ser reflexo daquilo que efetivamente pratica e vice-versa. Em miúdos, não crie uma imagem surreal da sua empresa, nem gere falsas expectativas para os seus públicos;
9- Reveja o seu planejamento periodicamente, corrija o que for necessário;
10- O Social Media Business Concil - Conselho de Mídias Sociais para os Negócios - elaborou um guia com as melhores práticas de divulgação de informações. Consulte-o aqui: Disclosure best practice toolkit.
10- O Social Media Business Concil - Conselho de Mídias Sociais para os Negócios - elaborou um guia com as melhores práticas de divulgação de informações. Consulte-o aqui: Disclosure best practice toolkit.
3 comentários:
Fala Nando, parabéns pelo artigo e pelo blog também. Conteúdos pertinentes e interessantes.
Forte abraço,
Elano
Realmente, o que dizer de empresas e até pessoas, que vendem o que não são. Na minha opinião, estamos vivenciando o surgimento de gerações "no sense" ou "so random", por não saberem o que estão fazendo, onde estão indo nem como conter seus próprios impulsos, por ainda serem capazes de desculpar-se de forma rudimentar e incoerente por tamanha ignorância.
Excelente texto Fernando!
Gostei bastante do artigo. Parabens pelo blog.
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