Apresentação

Faz tempo em que a base para se estabelecer relações comerciais reduzia-se à troca de mercadorias essenciais: um peixe por um punhado de sal. Hoje, a experiência comercial ampara-se em trocas muito mais complexas, com papéis e procedimentos rigorosamente definidos. Enquanto o mercado evolui, algumas empresas insistem em permanecerem na época do escambo. Estabelecer troca de informação e conhecimento entre consumidores e o mercado é a finalidade desse blog. A Comunicação e a Palavra - munidas da força e alcance da Internet - como elemento de transformação e positivação das práticas comerciais.


terça-feira, 11 de março de 2008

Temaki a Varejo















Teve uma época que as Casas Pernambucanas dominava o comércio varejista no Brasil. Virou até recurso humorístico quando citada na frase: “é igual às Casas Pernambucanas: todo canto tem uma”. A tirada fazia analogia à pulverização das lojas da Rede que invadiam o país. Essa história me veio à tona e não consigo deixar de compará-la ao atual estado de euforia que gira em torno do surgimento das temakerias nos principais centros urbanos brasileiros. A novidade se estabeleceu em São Paulo, virou caso de “paixonite aguda” entre os cariocas e nem mesmo começou o namoro com os baianos, mas parece que vai dar casamento. Contudo, apesar do modelo de negócio aparentemente simples, não dá para sair por ai abrindo temakeria como se monta um tabuleiro de acarajé na Bahia: em todo canto tem um.

As lojas especializadas em temakis somam hoje em Salvador um total de 04 estabelecimentos em funcionamento. A novidade, por enquanto, ainda é o principal apelo para despertar o interesse do consumidor. Tem sempre alguém que ainda não experimentou, propício a mudar rapidamente de status para não correr o risco de ficar por fora do assunto. Algumas lojas já fazem lista de espera e partem na dianteira na luta pela preferência do público. Outras vão surgindo e buscando a clientela gradativamente. Enquanto ainda não são numerosas, evitam a concorrência vizinha se estabelecendo em bairros diferentes. Mas são grandes os rumores sobre a expectativa da abertura de novos estabelecimentos e novas franquias, o que deverá em breve, se confirmado, submeter as temakerias a um ambiente de competição mais acirrado. A competência passará a exercer maior importância e outros valores verdadeiramente consistentes, assim como novos serviços agregados deverão ser criados como diferenciais competitivos.

É na tentativa de se diferenciar da concorrência que a reprodução do modelo tem gerado aberrações. Seja na conceituação e estruturação, na identificação do público-alvo ou no layout da loja – em alguns estabelecimentos, a falta de planejamento e conhecimento do negócio é nítida. Mas o erro mais recorrente é quando o desejo de inovar ataca em cheio o cardápio e submete o temaki à receitas tão inusitadas quanto esdrúxulas ou insalubres, descaracterizando a proposta nutritiva e saudável das combinações mais tradicionais. Enquanto algumas lojas concentram-se em oferecer qualidade no produto, utilizando materiais e insumos frescos e devidamente manipulados, outras oferecem um temaki de aspecto ruim, textura borrachuda e sabor contestável. Mas isso, só enquanto a concorrência não morar na vizinhança. Quando o número de temakerias for pulverizado ao estilo remoto adotado pelas Casas Pernambucanas, muita gente vai se ver obrigada a fechar as portas e deixar de fazer os seus enrolados de arroz, ou melhor dizendo, pseudo-temakis.

Leia também "Comida Enrolada em Forma de Cone", postada abaixo.


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