Apresentação

Faz tempo em que a base para se estabelecer relações comerciais reduzia-se à troca de mercadorias essenciais: um peixe por um punhado de sal. Hoje, a experiência comercial ampara-se em trocas muito mais complexas, com papéis e procedimentos rigorosamente definidos. Enquanto o mercado evolui, algumas empresas insistem em permanecerem na época do escambo. Estabelecer troca de informação e conhecimento entre consumidores e o mercado é a finalidade desse blog. A Comunicação e a Palavra - munidas da força e alcance da Internet - como elemento de transformação e positivação das práticas comerciais.


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Na Cauda Longa da Mediocridade


Os primeiros estudos sobre o Marketing foram elaborados nos anos 40. De lá para cá, as relações entre os agentes do mercado e a dinâmica do próprio mercado mudaram radicalmente. Acompanhando esse processo evolutivo, o conceito do Marketing contemporâneo tem procurado se adequar a nova realidade que cerca as relações de troca. Nesse contexto de mudanças, uma, em especial, é importante ressaltar: a nova forma de consumir conteúdos, produtos e serviços está transformando o modo de produção. O conceito de “Cauda Longa” aponta nessa direção e desperta a atenção dos produtores para o promissor mercado de nichos.

Não é necessário ser pop para vender. É preciso estar disponível e as novas tecnologias aliadas ao poder da Internet possibilitam isso. O conceito de “Cauda Longa”, referenciado no livro “A Cauda Longa" e reverenciado pelo seu autor, Chris Anderson, sintetiza um ponto de vista interessante que permeia essas transformações no modus operandi do mercado. O termo “Cauda Longa” é a representação gráfica da idéia de que existe uma demanda praticamente infinita para produtos de nicho. Por menor que seja a procura por esses produtos que não são campeões de venda, ela representa um volume significativo no contexto final das vendas.

Mas o desenvolvimento em curso do mercado de nichos, que se transmuta e se desdobra em seus sub-nichos, alimenta o surgimento de sub-produtos, sub-culturas: uma sub-dimensão do mercado e do consumo. Tudo isso pode acarretar na perda do senso comum que molda parâmetros de qualidade dos produtos. Se não existe uma idéia comum – um padrão de consumo como referência, como distinguir o que é bom do que é ruim, o que é pop, o que é erudito do que é lixo? Isso nos ajuda a entender a atual geração e o seu gosto por aquilo que é novidade, especialmente quando falamos do público jovem que desde cedo vive conectada na Internet.

Para ilustrar e contextualizar essa idéia remeto-me ao mercado atual de música. Do vinil para o CD, depois para o mp3, passando pelo iPod, circulando de micro em micro através das redes de compartilhamento P2P. Quando a música passa a ser vista como um arquivo, fácil de transportar, compartilhar e armazenar, a idéia tradicional de distribuição do mercado fonográfico cai por água abaixo. As prateleiras cedem lugar a vastos playlists. Abre-se então um mercado de oportunidades capaz de comportar todas as possibilidades, desde os hits mais requisitados, a mais inexpressiva e desconhecida canção. A qualidade musical, nesse sentido, fica diluída na infinita cauda de opções disponíveis para Download e todos os estilos cedem lugar a mediocridade.

É certo que o conceito da Cauda Longa estabelece o parâmetro da diversidade, mas somos nós que percorremos o labirinto de oportunidades e nos deparamos com as armadilhas da mediocridade. Mais uma vez, quem escolhe o caminho somos nós - consumidores.



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